O avião que mais me marcou foi....foram dois!

05/04/2018

Como o objetivo deste blog é falar também sobre aviação, e em reposta a alguns questionamentos que recebi nos últimos tempos, hoje vou falar sobre o avião que mais me marcou.

E se me permitem, citarei dois....posso? rsssss

Como muitos já sabem, trabalhei por 12 anos na VARIG, de 1994 a 2006. E, claro, os aviões que mais guardo na memória voavam com as cores da Pioneira. Mas não apenas por isso, claro!

O primeiro que me marcou muito, e minha vida profissional na empresa aérea gaúcha, foi o Boeing 737-300. Foi de longe a aeronave que mais voei! 

Não saberia quantificar, foram muitas, muitas as vezes que esta bela máquina me transportou, seja a turismo como principalmente a serviço.

Voei no 737-300 incontáveis vezes para compromissos
na sede da VARIG, no Rio de Janeiro.

Isso porque, no período que lá trabalhei, era o 737-300 o responsável por voar na Ponte-Aérea entre as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, rota na qual a VARIG foi sempre líder absoluta de mercado, seja em quantidade de voos, de passageiros transportados e de qualidade nos serviços prestados.

Quantas e quantas vezes não fiz esse trajeto entre as duas maiores metrópoles do país, indo a reuniões no prédio da VARIG que ficava ao lado do Aeroporto Santos Dumont (hoje, um hotel, o Prodigy Santos Dumont). O avião pousava, eu descia a escada e andava pela lateral da pista, cerca de 500 metros, até o prédio da empresa. De terno! E de baixo do sol carioca!!! Não preciso dizer que o "alemão" aqui derretia nesse trajeto...rsss....tanto que costumava levar uma segunda camisa para a reunião, pois a original chegava toda suada.

Era comum estar trabalhando no meu escritório em São Paulo, seja no Aeroporto de Congonhas, como também no prédio da Consolação ou no prédio da Ibirapuera, e de repente receber ligação do meu chefe pedindo para ir a uma reunião no Rio. Tudo bate e volta, vai para o Rio, reunião, e volta. 

O Boeing 737-300 era portanto meu meio de transporte principal, depois do carro. Não por menos, virou meu "amigo", companheiro de tantas jornadas. 

Quase que semanalmente esta cena se repetia, e lá ia eu rumo ao Rio de Janeiro...

Pátio de Congonhas repleto de aeronaves 737-300, o modelo de avião
mais utilizado pela aérea gaúcha.

Agradeço a ele pela segurança que sempre me transportou e, sobretudo, às inesquecíveis e incansáveis paisagens que admirei de suas janelas...a imensidão assustadora de São Paul, o lindo recorte do litoral (Baixada Santista, Ubatuba, Ilhabela, Angra, Ilha Grande, Restinga...), o Oceano Atlântico e, claro, a Cidade Maravilhosa. O pouso e decolagem no Santos Dumont são imbatíveis em matéria de beleza, além de um pouco radicais...rssss....só os pilotos mais preparados operam lá, em virtude da curta distância da pista e dos obstáculos naturais - e também obstáculos construídos pelo homem, como a Ponte Rio-Niterói.

A difícil operação nos aeroportos Santos Dumont e Congonhas,
com inúmeros obstáculos...o 737-300 sempre fez bonito operando
com segurança e confiabilidade nesses cenários.

A pista curta do Santos Dumont, com pouco mais de 1 km,
era vencida facilmente pelo alto desempenho do 737-300.

Da sua janela, 737-300, vi paisagens que me marcaram pela vida toda!

O serviço de bordo oferecido pela VARIG neste trecho era especial, até pelo fato da rota ser uma vitrine, com grande concentração de passageiros frequentes. 

Lembro bem do Express Meal, cuja simpática caixinha trazia em seu interior um farto lanche...sanduíche gourmet, salada ou salada de frutas, doce, bebidas a vontade...era completo mesmo, ainda mais se tratando de um voo tão curto, de cerca de 35 minutos (por muitas vezes, era meu café da manhã, almoço ou jantar, nos meus deslocamentos a serviço). 

Tirando o tempo gasto na subida após a decolagem e nos procedimentos de descida, quando o serviço de bordo não pode ser feito, sobrava muito pouco tempo para os comissários servirem a todos os 132 passageiros. E faziam isso com grande competência, com o tradicional charme do atendimento VARIG.

Boeing 737-300, saudades meu velho amigo!

Um dos serviços que fez mais sucesso na ponte-aérea foi este,
com pratos leves e saudáveis....

...ou este, o Express Meal, super completo para um voo
de pouco mais de meia-hora.

Já comi até fondue de chocolate no 737-300, em um voo da ponte-aérea
durante o inverno. A VARIG era demais!

Ok, e o otro avião, qual foi?

Sem dúvida alguma, o MD-11. 

Para mim, o mais belo jato comercial já produzido! Lindo, com sua inconfundível turbina na cauda (derivada do modelo anterior, o DC-10, outra super-máquina) e winglets na ponta das asas.

As imbatíveis linhas elegantes e ao mesmo tempo arrojadas do MD-11,
com sua inconfundível turbina na cauda. Lindo demais!

Se o 737-300 foi meu companheiro constante nas viagens curtas pelo Brasil, o MD-11 foi o mesmo nas minhas viagens internacionais. Igualmente, a serviço ou lazer!

Com ele viajei a trabalho para destinos como Buenos Aires, Nova York, Miami e Frankfurt...e a turismo para Santiago do Chile, Paris, Zurique, Milão, entre outros. Muitas vezes!

Eu gostava de sua cabine alta e ampla, mas sobretudo da sua potência na decolagem e de sua estabilidade em voo. Era um avião muito confiável, sem dúvida! Fez muito sucesso na VARIG, tendo se transformado em determinado momento na principal aeronave de grande porte da Empresa. Tanto é que a VARIG foi uma das maiores operadoras mundiais do modelo, e manteve o MD-11 em sua frota até o seu triste fim, quando de sua falência.

Com o benefício dos descontos concedidos a funcionários, tive a oportunidade de voar diversas vezes o MD-11 em Classe Executiva, que para os padrões da época era bastante confortável. O serviço de bordo, que sempre foi uma das marcas da empresa, era igualmente muito bom, embora já não no mesmo padrão dos anos dourados da VARIG, nas décadas de 70 e 80.

A bordo do MD-11, serviço de bordo caprichado...
seja na Primeira Classe, Executiva ou Econômica.

Cabine da Classe Executiva...

...e da Classe Econômica. Note que naquela época (final dos anos 90)
ainda não era muito comum a utilização de telas individuais de vídeo
no encosto das poltronas.

Nessas andanças mundo a fora, era para mim sempre um orgulho muito grande chegar ao aeroporto no exterior e ver essa máquina nas cores da VARIG estacionada no terminal, junto a tantos outros aviões de empresas do mundo todo. Por isso tudo, o MD-11 tem também lugar especial no meu coração!

MD-11 no Aeroporto de Frankfurt. Dava um orgulho tão grande...

...e quando eram dois, mais ainda! Um fazia o voo diário São Paulo-Frankfurt,
e o outro o voo, também diário, Rio-Frankfurt.

Por alguns anos o MD-11 da VARIG voou até Hong Kong (foto),
com escalas em Johannesburg e Bangkok.

A manutenção cuidadosa nas oficinas do Galeão. 

Infelizmente o MD-11 chegou tarde demais ao mercado, tendo sido logo superado por aviões mais modernos e econômicos, como o Boeing 777 e o Airbus A330/A340. 

Não chegou, por este motivo, a ser um enorme sucesso de vendas, embora tenha feito parte da frota de empresas tradicionais como American Airlines, Delta, KLM, Alitalia, Japan Airlines, Korean Air e Thai...além das brasileiras VARIG e VASP. 

Mesmo assim marcou época desfilando sua potência e elegância em aeroportos do mundo todo. A nós, brasileiros, coube o privilégio de vê-lo de perto em grande quantidade, sobretudo em Guarulhos e no Galeão.

A você, querido MD-11, meu reconhecimento também! Obrigado por ter feito parte do álbum de recordações de viagens inesquecíveis!

MD-11 da VARIG com pintura especial para a Copa do Mundo...

...e com pintura especial promovendo a aliança mundial
de empresas aéreas Star Alliance.



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